segunda-feira, abril 21, 2008

Clowns Carcerários

Um Programa de Redução de Pena
Muito Engraçado


Com o crescimento populacional nas prisões argentinas, motins e rebeliões sangrentas começaram a pipocar pelo país, se tornando uma grande despesa para os cofres estatais. Soluções como pena de morte ou execução sumária não conseguiram a legitimidade e autorização social necessárias para serem implementadas. Foi então que ONGs simpáticas aos movimentos de defesa de Direitos Humanos viram a oportunidade para implementar o que há anos lutam para pôr em prática, um programa que busca na alegria a solução para a re-inserção de presos na sociedade. Agora, nos presídios do sistema carcerário de Ushuaia, na Argentina, os reclusos estão recebendo aulas de Clown em troca de diminuição de pena e ficarão encarregados de levar risadas e diversão ao cotidiano sofrido de crianças órfãs e abandonadas das diversas creches da cidade.



É comum que programas baseados em atividades artísticas humanizadoras encontrem resistência entre uma parcela da população carcerária. Nem todos os presos suportam o clima de abraços coletivos e os olhares carentes das crianças, sem contar o processo de dinâmicas corporais e terapias emocionais em grupo. “Prefiro mofar na solitária, ou mesmo torrar até a morte na elétrica, do que viver minha vida como um ursinho carinhoso. Essa amorosidade toda me enoja!” – diz o colombiano Estevez Bernal, que escolheu cumprir a pena completa à participar do programa. "Isso sim que é violência!" conclui o preso que foi condenado a 20 anos por porte de entorpecentes e sonegação de impostos.

Mas as aulas de clown em Ushuaia estão superando este obstáculo, despertando grande entusiasmo por parte de alguns participantes do programa. Juan Dolores, que cumpre 30 anos por homicídio e ocultação de cadáver de bebês, diz empolgado: "no treinamento, o Palhaço não é um personagem construído de fora, mas algo a ser construído a partir de você mesmo, isto é, de você conseguir olhar pra você e se deixar de uma certa maneira, teatralizar a sua lógica de ver o mundo". Já Ortega Rodriguez, que assaltava criancinhas vestido de sorveteiro, também se encontrou no programa: "o Clown tem diversas maneiras de usar o corpo, de se relacionar com os objetos, a natureza, e as crianças sentem isso... Você nem precisa contar muitas piadas para fazer com que elas riam, é só fazer um movimento diferente”.



É consenso entre a maioria dos cidadãos argentinos investir em novos e surpreendentes tipos de controle social atravessados por direitos, afetividades e muito amor. O modelo de reabilitação promove outro olhar para estes homens, que logo logo estarão prontos para uma reentrada no mundo da Lei! E funciona! Eles aprendem, junto com as crianças, a amar a obediência e ser o que a sociedade espera deles.

Um comentário:

Anônimo disse...

Conheço muitos casos de assaltantes sorveteiros....me lembro da minha infancia pobre no Boquerão- Praia Grande onde sofri diversas vezes esse tipo de crime....Muito obrigado mesmo pelos posts